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Foto do escritorNicole Micaldi

Manuela Berlanga fala sobre a mulher no cinema e seu primeiro curta-metragem, Ana.


Pedagoga; que trabalhou por 12 anos no mundo corporativo, com treinamento e desenvolvimento de pessoas; formou-se em contação de história, para crianças; estudou a arte Clown; foi voluntária em hospitais, e , também, integrante de um grupo de stand up comedy. Essa é Manuela Berlanga, que teve o inicio de sua carreira na área audiovisual marcado pela realização de um curso de  roteiro, em New York.   A ideia para o roteiro de seu primeiro filme, Ana, surgiu da época em que Manuela passou por um momento de muito estres em sua vida profissional.      Nesse período de sua vida, Manuela ainda nem sonhava em trabalhar com cinema, mas já tinha em mente a ideia de contar a história de uma mulher, que de tão cansada e esgotada já não sabe mais diferenciar o que é real ou não. 6 anos depois dessa ideia inicial nasce o curta Ana.

Ana discorre sobre a depressão e a ansiedade. Manuela escolheu contar uma história que transita por esses assuntos tão delicados e necessários de serem debatidos justamente para criar uma possibilidade de diálogos e trocas sobre tais temas. “Depressão é algo tão presente na nossa vida e todo mundo tenta fingir que ela não existe. E negar sua existência ou que pessoas próximas a nós possam ter, acho um grande equivoco nosso. Quanto mais a gente falar sobre, mais podemos nos ajudar, ter empatia com quem está passando por esta situação ou até mesmo, entender algo que não sabemos explicar que pode estar acontecendo com nós e então buscar ajuda.   Um dos cuidados que Manuela tomou ao criar as personagens foi de não estereotipar os transtornos debatidos na obra. Fazendo com que o público seja, imperceptivelmente, levado ao emaranhado psicológico da personagem central. Nem sempre as pessoas que têm depressão estão se arrastando por ai ou 'sem vida', como muitas vezes vi em filmes. A ansiedade é uma voizinha chata que está sempre ali por perto nos incomodando ao longo do dia, e a depressão é quase como uma boa amiga, mas no fundo é apenas uma outra voz dentro de nós que tenta nos colocar mais pra baixo.”  Ana foi uma das obras selecionadas para a primeira edição da Mostra As Gurias e segue seu circuito de circulação sendo selecionado para os festivais como: “ Around International Film Festival”, "Calcutta Internacional Cult Film Festival" ( em que ganhou na categoria WOMEN'S FILM - Outstanding Achievement Award) e “Oniro Film Awards”. Sendo nesse ultimo uma das obras indicadas nas categorias de : Melhor roteiro, Melhor ideia e Melhor diretora de primeira viagem.

Ana é a primeira história, de uma série que estou escrevendo, que irá falar sobre transtornos psicológicos. Para vender a ideia toda e entrar no mercado, escolhi contar essa primeira história. Inscrever em festivais é um meio de chamar atenção para a história e o filme, minha ideia é que os festivais me ajudem a abrir portas para que eu possa contar todas as outras histórias.

Toda a aceitação positiva de Ana, por parte do público, e as seleções para mostras e festivais faz com que a diretora, de primeira viagem, tenha certeza de que está no caminho certo dentro do cenário cinematográfico.  Tenho como propósito de vida dialogar com as pessoas sobre temas e assuntos que nos fazem humanos – transtornos psicológicos, amor, perdão, família – são alguns desses temas que fazem parte das histórias que quero contar, logo ter meu primeiro filme entrando em festivais e ouvir das pessoas que o filme fez sentido pra elas, só me ajuda a reafirmar meu caminho.’

Assim como algumas obras que são produzidas no cenário cinematográfico nacional, o curta Ana foi feito de maneira independente, ou seja, sem apoio financeiro algum, o que fez com que a aquisição de equipamentos, locação e a formação da equipe fosse um grande desafio para Manuela. Todo mundo que se envolveu no projeto, foi porque de alguma maneira se conectou com o tema, fez sentido e acreditaram na história... Existe um certo limite de onde podemos cobrar as pessoas, quando se trata de um projeto independente, mas acredito que tive muita sorte, pois acabei reunindo uma equipe muito bacana, e todos se dedicaram com muito amor. E acredito que vemos isso no resultado do filme.”

Mostra As Gurias- Qual é a importância da presença da mulher no cinema?

Manuela-Desde que comecei a escrever em 2014, minhas personagens e histórias são contadas através do olhar de uma mulher. Quero poder contar histórias com temas complexos, humanos e próximos a nós através do olhar de mulheres, pois acredito que o feminino tem uma delicadeza

diferente ao ver e enfrentar o mundo. E o mundo anda precisando com uma certa urgência um olhar mais feminino sobre tudo. E isso inclui tanto na história ou num set de filmagem.

Mostra As Gurias-Já sofreu algum tipo de discriminação no meio cinematográfico por ser mulher?

Manuela-Tantos que nem sei por onde começar... Comecei tarde nessa área, com 30 anos... Não tinha muitos amigos na área, logo estou indo como posso, pelas beiradas...

E já ouvi de produtores que eu não deveria querer ser diretora, nem roteirista, eu deveria ser da área  atendimento ou produtora. Caso eu quisesse ser diretora, eu deveria fazer um curso fora e voltar com bons filmes feitos.

Já fiz uma entrevista de trabalho, que precisei sair acompanhada por seguranças, pois o homem que estava me entrevistando tentou me agarrar...

Mostra As Gurias-Como você vê a representatividade feminina nas produções e produtos audiovisuais? Acha que estamos em processo de mudança em relação a isso?

Manuela-Sinto no ar a mudança chegando, têm muitos eventos e festivais focado para mulheres. Todas as manifestações que estão sendo feitas, em questões a assédios e direitos iguais para mulheres dentro e fora do set. Estou assistindo mais filmes e seriados com mulheres como protagonistas e FORTES! E amando todas essas histórias.

Obviamente ainda vemos muitas bobagens por ai... mas estou confiante! E se depender de mim e no que eu puder ajudar, vou sempre trazer esse nosso olhar para as histórias ​​e set. Por: Nicole Micaldi

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