top of page
  • Foto do escritorLidiane Bach

Haifaa al-Mansour | O cinema em perspectiva

Quantas mulheres enfrentaram diversos problemas por serem "apenas mulheres"?

Foto: Brigitte Lacombe

É para esse questionamento que a cineasta saudita Haifaa al-Mansour volta sua câmera, sempre nos apresentando mulheres (e meninas) fortes, corajosas, que apesar de serem oprimidas, levantam a voz e nos trazem aquele protagonismo que adoramos ver nas telonas!

Com uma linguagem extremamente sensível, poética e artística, muitas vezes precisando de muita coragem e criatividade para burlar a censura cultural de seu país, Haifaa - que já precisou dirigir um longa escondida dentro de uma van em movimento - vem dando voz para muitas mulheres através de sua arte.

Alguns de seus filmes estão disponíveis em plataformas de streaming e, seu mais novo longa, A candidata perfeita, participou do Festival do Rio este ano.

Em seu documentário, Mulheres sem sombra (2005) nos apresenta a vida das mulheres em um pequeno vilarejo da Arabia Saudita, já em O sonho de Wadjda (2012) a diretora, que também escreveu a história, optou por nos mostrar a comovente saga de uma menina de 10 anos, desajustada e determinada em sua busca por uma bicicleta verde. Filmado nos subúrbios de Riad, onde a mobilidade feminina é limitada e andar de bicicleta é considerado uma ameaça à virtude das meninas, Wadjda deseja comprar uma bicicleta ganhando uma competição para recitar o Corão na escola que dará um prêmio em dinheiro. Através dos olhos dessa encrenqueira charmosa - com tênis pretos de cadarços roxos, amante de mixtapes e esmalte turquesa nas unhas, e com um véu que nunca para no lugar - o público é exposto a um lado da vida saudita que raramente pode ser visto por estrangeiros.

Haifaa não fez somente filmes retratando as mulheres sauditas, também voltou suas lentes para nos contar a história de Mary Shelley (2017) - a criadora de uma das maiores obras da literatura, Frankenstein. Enquanto que em Felicidade por um fio (2018), filme inspirado no livro de Trisha R. Thomas, a cineasta dá voz para as mulheres negras, nos trazendo uma importante mensagem sobre autoaceitação, além de nos fazer perceber quanto o machismo e o racismo estão tão estruturados na sociedade que muitas vezes nem atentamos para ele.

Já em A candidata perfeita (2019), a diretora volta seu olhar para sua terra natal e nos apresenta a médica Maryam que apesar de suas qualificações profissionais, não é respeitada pelos seus colegas e pacientes homens… desejando dar um pouco de dignidade e condições de atendimento médico para os moradores de sua comunidade, ela decide se candidatar como nova secretaria municipal. Desafiando sua comunidade conservadora, lutando para ser aceita como a primeira líder mulher.

Os filmes de Haifaa nos dizem que, passo a passo, com determinação, paciência, coragem e um bocado de ousadia as mulheres estão traçando seu caminho e conseguindo, pouco a pouco, conquistar seu lugar!



bottom of page