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  • Foto do escritorNicole Micaldi

Adélia Samapaio

"Adélia Sampaio é de uma importância incalculável para a história do Cinema Brasileiro, mas mesmo assim seu nome foi ignorado entre nomes de diretores que foram seus contemporâneos, sendo lembrada e homenageada por seus grandes trabalhos."



Adélia tinha menos de cinco anos de idade quando se mudou para grande cidade do Rio de Janeiro. Sua mãe era empregada doméstica e seu pai, desconhecido. Assim que chegaram no Rio de Janeiro, Adélia e sua irmã foram levadas, sem a devida autorização de sua mãe, para um internato, no qual passar aproximadamente 7 meses. A mãe das meninas, finalmente, conseguiu recuperar suas filhas. Porém a, então, patroa repetiu a ação e, mais uma vez, mandou Adélia para um internato, mas dessa vez o tal internato era situado em Minas.Sete anos, esse foi o tempo que a mãe de Adélia demorou recuperar a filha.


Aos 13 anos, aproximadamente, Adélia volta para o Rio e inicia sua vida no mercado de trabalho. A menina trabalha em vários lugares diferentes, até que, em 1968, consegue um emprego com telefonista da Difilme. O emprego em questão foi um divisor na vida de Adélia. A moça descobriu sua paixão por cinema e tinha contato direto com os envolvidos em produções nacionais e com grandes nomes do Cinema Novo. Adélia já tinha dois filhos e um marido preso, pela ditadura, nessa época. O que fazia de sua jornada muito mais complicada, mas Adélia nunca pensou em desistir.


Antes mesmo do Cinema da Retomada, Adélia já tinha participado de diversas produções importantes, como: O Segredo da Rosa (1974); Lulu de Barros: Ele, ela, quem? (1977); O seminarista (1977), entre outros. Muitas funções fizeram parte de sua jornada no Cinema. Adélia atuou como maquiadora, câmera, montadora, continuísta e produtora.

Trabalhou em, aproximadamente, 70 produções. Foi no ano de 1979 que Adélia abriu sua produtora. Seu primeiro curta foi Denúncia vazia (1979), uma triste história, baseado em fatos reais, sobre um casal de idosos que se matam por não conseguirem pagar suas contas.

Adélia Sampaio é de uma importância incalculável para a história do Cinema Brasileiro, mas mesmo assim seu nome foi ignorado entre nomes de diretores que foram seus contemporâneos, sendo lembrada e homenageada por seus grandes trabalhos.

Atualmente, Adélia é homenageada em festivais de cinema e convidada para exibir seus trabalhos e discurso em espaços e eventos que debatem a presença da mulher no cinema.




Foi um grande marco para a cinema nacional , pois não foi só o primeiro longa-metragem dirigido por Adélia, como também, o primeiro longa dirigido por uma mulher negra, no Brasil.

O filme, baseado em fatos reais, também foi pioneiro no tema que aborda: Um casal homo afetivo. O filme mesmo sendo pioneiro e transgressor em vários aspectos, não escapou de ser podado aos interesses da indústria da época.


Segundo Adélia, a Embrafilme, estatal brasileira produtora e distribuidora na época, classificou o filme como absurdo, por conta de seu tema, e não ofereceu financiamento para o fulme. A única forma de realizar o filme era faze-lo em forma de cooperativa, em que os atores e técnicos recebiam apenas ajuda de custo. O dono do Cine Paulista, um dos poucos que se disponibilizaram a exibir o filme, propôs que o filme fosse divulgado como mais uma pornochanchada, pois só assim o filme chamaria público. Adélia, sem outas alternativas ou retornos positivos, por parte dos distribuidores, vislumbrou aí uma das poucas formas, talvez a única para o momento, de seu filme ter o devido espaço. Após ser caraterizado com uma Pornochanchada, o filme foi exibido em diversas partes do país.







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