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Foto do escritorNicole Micaldi

Travou? Calma, respira, repensa: Sua obra está dentro de você!

Travas no processo criativo são mais comuns do que imaginamos. Esse período de quarentena vem repleto de informações que podem significar um peso extra na cobrança por produtividade, porém é preciso analisar de outra forma esse momento.

Todo interesse parte de uma curiosidade que precisa ser sanada com certa urgência, porém esse interesse pode conflitar com outros afazeres e acabar caindo em um limbo de atividades e esse foi um dos assuntos que conversamos com a autora curitibana Mila Cassins.

Mila tem dois livros publicados de maneira independente, um romance e um livro de contos que, de acordo com ela, nasceram de sua relação com a escrita. A autora conta que teve uma infância e adolescência um tanto quanto introspectiva, portanto encontrou na literatura uma fuga para conseguir se expressar de maneira mais eficaz.

Assim como diversos artistas, Mila se preocupa em não deixar a ideia tornar-se desinteressante para si “Eu evito textos que exigem muita pesquisa por dois motivos: Porque tem mais chance de furar e porque, até eu conseguir fazer toda a pesquisa, a história já esfriou na minha cabeça; a minha rotina já a “atropelou”, outras ideias também vão surgindo. ”.


A dica que a autora dá para quem está no meio de um hiato no processo criativo é: Perceba se o que você está tentando criar combina com o seu perfil. Segundo ela quando há algum tipo de bloqueio significa que algo está, de alguma forma, errado ou fora de contexto, portanto é preciso reavaliar se há interesse em prosseguir o projeto.

Além disso, Mila conta que o comprometimento é parte fundamental durante a execução de uma obra “Durante o processo de escrita dos meus dois livros, eu me comprometi a escrever todos os dias até terminar. Isso funcionou muito bem, me ajudou a permanecer conectada à história. ”.

Conheça Mila Cassins

Mila Cassins tem 27 anos, é curitibana, formada em Jornalismo pela Universidade Positivo (UP) e em Comunicação Institucional pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Trabalha com redação publicitária há cinco anos e possui dois livros publicados de maneira independente, o romance “Quando ele se foi” (2017) e o livro de contos de suspense e terror “Por que as madrugadas são longas?” (2020).




Confira uma breve entrevista com a autora.

Quando e como iniciou sua carreira como escritora?

O meu primeiro livro surgiu a partir de um conto que eu publiquei no meu blog. Achei que ninguém leria, aí começaram a vir pessoas que nem conversavam comigo me dizer que se emocionaram, que renderia um livro. Eu fiquei surpresa e tentei desenvolver o conto, mas eu nem sabia se renderia um livro, nem se ficaria “publicável”, interessante. Foram minhas amigas que me incentivaram a publicar. Depois, os retornos maravilhosos que recebi de diversas leitoras me fizeram continuar e assim lancei o segundo livro. Eu estou fazendo algo que amo e que é natural para mim: escrever. Os livros são felizes acasos.

Quais são suas principais referências?

Eu sou apaixonada pelos trabalhos de Haruki Murakami, Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez. Por mais que não tenha a ver com o que eu escrevo, ler os universos mágicos que eles criaram é capaz de renovar o meu amor pela literatura e pela escrita. Além disso, eu leio bastante e assisto muitos filmes, mas não me prendo a autores específicos. Vejo perfis literários no Instagram e confiro no Skoob se a obra tem 4 estrelas ou mais, leio as resenhas feitas nessa plataforma, porque são mais qualificadas e sem interesse comercial. Raramente me decepciono com as escolhas.

O que uma escritora precisa fazer para ter sucesso em seu ofício?

Precisa de duas coisas, a primeira é ser uma pessoa aberta, a ouvir conversas ao seu redor (pode ter história aí!), a ler diferentes obras e, principalmente, a melhorar como escritora. Muitos autores acabam vendo o livro como um filho, se alguém faz uma crítica eles ficam ofendidos, ignoram o que a pessoa diz. Se a pessoa é qualificada ou da sua confiança, leve em consideração o que ela disse. Caso necessário, deixe a obra parada durante alguns meses, depois leia de novo: isso vai ajudar você a se afastar e ver as possibilidades de melhoria (elas sempre existem). A segunda coisa que uma escritora precisa para ter sucesso em seu ofício é oferecer qualidade ao leitor. É decepcionante ver um livro com fonte pequena, erro de concordância, capa feia (70% das pessoas compram livro pela capa!). É preciso buscar a melhor qualidade para o texto e para a apresentação gráfica da obra, isso é essencial para a experiência do leitor e para a imagem do autor perante os leitores.

Qual conselho daria para quem está iniciando seu caminho na escrita?

Essa pessoa precisa ver o livro e o reconhecimento como consequência de um objetivo, não como o objetivo em si. Ao invés de pensar “vou escrever um livro” ou “vou ser famoso”, deveria pensar “quero dar o meu melhor” ou “espero que esse livro inspire uma pessoa”. Você precisa extrair aprendizados do processo, ao invés de colocar expectativa no final. Além disso, o reconhecimento vem do outro, e não temos como controlar o outro.

Para entender melhor o processo de publicação independente de um livro, siga a Mila nas redes sociais. Texto por Amanda Bacilla.


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